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Aos 100 anos, motorista nunca levou sequer 1 ponto na carteira

mar 1, 2017
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No DF, só dois condutores com essa idade são habilitados. O morador de Taguatinga é um deles e dá exemplo de bom comportamento no trânsito.

Ao acordar, Raimundo Inácio Gonçalves agradece a Deus por mais um dia de vida. Em 27 de abril, ele completará 101 anos, cheio de disposição. Exibe orgulhoso uma raridade para alguém centenário: a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) recém-renovada em outubro de 2016.

Somente duas pessoas — Raimundo e outro homem — com mais de 100 anos têm CNH válida no DF, segundo o Departamento de Trânsito (Detran-DF). O documento vale até 2019, quando Raimundo terá 103 anos, se assim o destino permitir.

Ele passou por avaliação médica e fez todos os testes de aptidão física e mental, como exige o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). A legislação não impõe limite de idade para concessão da carta.

Uma busca no site do Detran-DF comprova a validade da CNH de Raimundo. Também mostra o total de pontos acumulados por multas no último ano: zero, ou seja, sem ocorrências.

Não é possível pesquisar dados dos anos anteriores, mas Raimundo garante que só teve duas ou três multas e foram responsabilidade do neto, que pegou o carro emprestado.

“Evito dirigir em lugar de movimento, pois se acontecer um acidente vão colocar a culpa em mim, mesmo se não for minha, só porque eu sou velho“, diz Raimundo Inacio Gonçalves.

Geralmente, o centenário não dirige sozinho. Em Taguatinga, onde mora, percorre distâncias curtas de carro para visitar filhos, que são seus vizinhos. É no Núcleo Rural Taboquinha, onde tem um sítio, que ele aproveita para guiar tranquilo dentro da propriedade e nas ruas próximas.

Caminhoneiro aposentado, Raimundo ostenta, inclusive, um diploma de bom motorista. A honraria foi dada pelo órgão de trânsito de Brasília de 1978. A placa diz: “Diploma em reconhecimento pelos inestimáveis serviços prestados à causa do trânsito”. Ele exibe o documento no vidro traseiro de seu Uno Mille.

Raimundo ajudou a construir Brasília. Veio de Cajuri (MG) para a nova capital em 1958, com os bolsos vazios e o coração cheio de esperança. “Não tinha um centavo nem para comer. Deixei em Minas minha mulher, Zizinha, grávida de 5 meses e com 11 filhos. Vim em busca de melhorar nossa vida”, lembra o pioneiro.

A sorte dele mudou quando ele conheceu outro pioneiro, Baltazar Rodrigues, o Tazinho, que lhe deu um caminhão para trabalhar. Raimundo ajudava a transportar material para as obras da construção da cidade e também levava os candangos ao serviço.

Com dois anos de esforço, conseguiu trazer a família para junto dele. Hoje, tem mais de 30 netos, 20 bisnetos e tataranetos, que se reúnem ao redor de uma mesa farta, na casa do patriarca, na QNF.

O candango revela o segredo da sua longevidade. A receita não é para os fracos de estômago. “De manhã, bato no liquidificador uma Caracu (cerveja preta), um ovo com casca e tudo, uma paçoca e canela. É uma delícia”, afirma.

Raimundo não tem doenças crônicas nem toma remédios. Não gosta de visitar o médico e prefere tratar-se com ervas medicinais. “Ainda quero dar muito trabalho, espero viver um bocado”, finaliza.

Fonte: Metropolis

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