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Azeite de oliva extravirgem protege o cérebro do Alzheimer, diz estudo

jun 22, 2017
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Embora a causa do Alzheimer ainda não tenha sido desvendada, já se conhece alguns mecanismos por trás da destruição progressiva dos neurônios.

Em um mundo cada vez mais longevo e com casos de Alzheimer em disparada, pesquisadores estão na corrida por substâncias capazes de proteger o cérebro da doença neurodegenerativa. Um estudo publicado na edição de ontem da revista Annals of Clinical and Translational Neurology indicou que o azeite de oliva extravirgem pode ser um aliado na guerra contra a enfermidade que deve afetar 135,5 milhões de pessoas em 2050, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). O trabalho da Universidade de Temple (EUA), feito com ratos, mostrou que o consumo do óleo em sua forma mais pura não só melhora a integridade da memória e das habilidades cognitivas, como diminui as placas e os emaranhados que se formam no cérebro dos pacientes.
Embora a causa do Alzheimer ainda não tenha sido desvendada, já se conhece alguns mecanismos por trás da destruição progressiva dos neurônios. As mais estudadas são as placas beta-amiloide e os emaranhados neurofibrilares — esses últimos, provocados pela deformação da proteína tau no interior celular, seriam responsáveis pelos danos específicos da memória. Estudos prévios, também com animais, haviam indicado um efeito positivo do azeite de oliva extravirgem no combate às placas. Agora, se tem a primeira evidência de que a substância natural também é eficaz contra a formação dos emaranhados.
“O azeite de oliva extravirgem ativa um importante maquinário dentro das células chamado autofagia, que é responsável pela digestão e a eliminação de proteínas tóxicas, como a beta-amiloide e a tau”, explica Domenico Praticò, professor do Departamento de Farmacologia e Microbiologia da universidade e principal autor da pesquisa. “Ao fazer isso, as células nervosas podem se comunicar melhor umas com as outras, e o cérebro tem menos acúmulo de placas amiloides e de emaranhados tau”, continua.

De acordo com Praticò, a escolha do alimento nesse estudo deve-se ao fato de que a dieta mediterrânea, composta por frutas, hortaliças, pouquíssima proteína animal e muito azeite, já foi associada, diversas vezes, a benefícios à saúde, incluindo a do cérebro. “O que se acredita é que o azeite extravirgem é melhor que fruta e vegetais sozinhos, e, como gordura vegetal monossaturada, é mais saudável que a gordura animal”, conta.

Neurônios preservados

Para fazer a investigação, os autores utilizaram um modelo de rato transgênico que apresentava as principais características conhecidas da doença: problema de memória, placas amiloides e emaranhados neurofibrilares. Um grupo foi alimentado com a dieta enriquecida em azeite, enquanto o outro não consumiu o óleo extravirgem. Ao longo do estudo, os cientistas fizeram testes cognitivos, incluindo de memória, com os animais. Os do primeiro grupo saíram-se muito melhor que os do segundo.
A certeza sobre o efeito do azeite veio, porém, com a análise dos tecidos cerebrais. Depois que os ratos morreram, os pesquisadores examinaram os neurônios e perceberam muitas diferenças entre os grupos. Os animais alimentados com azeite extravirgem apresentavam sinapses (a comunicação entre os neurônios) íntegras, ao contrário dos demais. Isso significa um funcionamento preservado das funções cerebrais. Além disso, no primeiro grupo, o mecanismo de autofagia estava muito mais ativado: ou seja, as células conseguiam varrer as placas beta-amiloide e as proteínas tau danificadas. Por esse motivo, havia menor concentração das substâncias no tecido cerebral dos ratos.
A nutricionista Joana Lucyk, autora do blog Siga sua Dieta e do livro Por que não posso comer besteiras todos os dias?, afirma que o azeite de oliva é considerado um alimento funcional devido à presença de ácidos graxos monoinsaturados, especialmente ômega 9 e ômega 3, além da vitamina E e compostos fenólicos. “Esses nutrientes e fitoquímicos estão envolvidos no combate aos radicais livres, substâncias que danificam as estruturas celulares, com grande atividade no cérebro de pacientes com Alzheimer. Os componentes do azeite auxiliam na manutenção da fluidez da membrana celular e diminuição da peroxidação lipídica, o que é essencial para a manutenção das estruturas celulares e, por consequência, ao seu bom funcionamento”, diz. “É importante ressaltar que, para aproveitarmos seus benefícios, devemos ingerir o azeite extravirgem in natura. Segundo a Anvisa, a recomendação é de duas colheres de sopa de azeite extravirgem ao dia, desde que o restante da dieta esteja de acordo com a necessidade do organismo”, ensina.
Praticò diz que, no caso do efeito específico de proteção contra o Alzheimer, a medida pode ser menor. “A ingestão diária de uma colher de sopa de azeite de oliva extravirgem pode ser uma abordagem terapêutica segura e viável contra a demência e a doença de Alzheimer”, diz. Para ele, é possível prevenir a enfermidade com dieta. “Contudo, ajuda se a alimentação for combinada a exercícios físicos.”

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