Harmonia: esse é o segredo de tudo. Na vida e no esporte. No futebol, no vôlei ou no basquete.
O Brasil jogou um basquete poderoso na defesa e no ataque, e tirou do caminho um monstro que o atazanava havia duas décadas. Bateu a Argentina por 85-65 e está classificado para as quartas-de-final do Mundial de Basquete que está sendo disputado na Espanha.
No primeiro tempo, a defesa brasileira funcionou bem: deixou os argentinos anotarem apenas 36 pontos. Mas o ataque esteve confuso: marcou só 33. Teve, por exemplo, um desempenho de 2/11 nas bolas de três (18%)
Veio a etapa final, a mão foi colocada na forma e o Brasil fez uma corrida de 52-29 e conseguiu apenas sua segunda vitória diante dos argentinos na história dos Mundiais — a Argentina venceu quatro.
Dois, ou melhor, três foram os jogadores que desequilibraram em favor do Brasil: Anderson Varejão, Marquinhos Vieira e, principalmente, Raulzinho Neto.
O Brasil tem um armador para o lugar de Marcelinho Huertas! Huertas não faz um grande Mundial.
Havia até a possibilidade de Raulzinho sair jogando, mas o mineiro veio do banco e levou para a quadra impressionantes 21 pontos (8/9 nas bolas de dois).
Mostrou que sabe arremessar; finalmente um brasileiro que sabe arremessar bolas de dois pontos!
Varejão pegou nove rebotes. Cinco deles no ataque. Desequilibrou mentalmente os pirulões argentinos — que não são tão pirulões assim, convenhamos.
E Marquinhos fez 13 pontos (4/5 nos lances livres). Foi importantíssimo também.
Por falar em lances livres, o calcanhar de Aquiles do nosso selecionado, o aproveitamento foi de espantosos 76%: 16/21.
Este desempenho foi igualmente fundamental para a vitória brasileira.
Assim como a defesa.
Anular Luis Scola era preponderante. E isso aconteceu: o ala de força adversário anotou apenas nove pontos. Teve um aproveitamento de 20% nos arremessos (2/10), sendo que nos jogos anteriores era de 50% e média de 21,6 pontos.
A defesa em cima de Pablo Prigioni foi igualmente importante. O armador argentino tinha anotado 15 pontos no primeiro tempo; no segundo, fez só três.
Agora vem a Sérvia, na quarta-feira, a quem o Brasil já venceu na fase de classificação.
Esse time pode ir mais adiante ainda. Resta manter a confiança e a humildade.
* A foto de Nenê Hilário no arremesso é de Andres Kudacki/AP.