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Einstein e Spotify ‘estudam’ efeito da música sobre a saúde

maio 2, 2017
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Ao ouvir os primeiros acordes que saíam das caixinhas de som da sala cirúrgica, começou a se acalmar.

Ao chegar ao setor de hemodinâmica do hospital Albert Einstein (SP) na última quarta (26) para uma angioplastia, o engenheiro civil Antonio Sergio Cassavia, 62, estava nervoso. “A gente pensa nos riscos, na família.” No entanto, ao ouvir os primeiros acordes que saíam das caixinhas de som da sala cirúrgica, começou a se acalmar. “Foi dando uma sensação boa de relaxamento, e, quando vi, o procedimento já tinha acabado”, lembra o engenheiro, fã de rock clássico.

“Songs Without Words”, de Felix Mendelssohn, e “Suite Bergamasque”, de Claude Debussy, são algumas das músicas da playlist Clássicos Palpitantes que Cassavia ouviu enquanto um stent era colocado na sua artéria.

Além da promover o bem-estar de pacientes e da equipe médica, essa e outras 19 playlists criadas por profissionais do Einstein, músicos e curadores da plataforma Spotify têm objetivos científicos. A proposta é verificar, por meio de estudos controlados, quais mecanismos cerebrais são ativados de acordo com a seleção musical usada em diversas situações clínicas. As listas foram criadas a partir do perfil dos pacientes, das sugestões de profissionais que já trabalhavam com música dentro do hospital e do banco de dados de usuários do Spotify.

Em três setores do Einstein, os pacientes já estão acessando as playlists. No banco de sangue, a pessoa ouve no celular dela, com o próprio fone de ouvido. Na hemodinâmica, a música é ambiente. O doente escuta a seleção junto com a equipe médica.

Na ressonância magnética, ele escolhe a sua lista e a ouve por meio de um fone especial, acoplado à máquina. “Não pode ter nenhuma estrutura com ferro porque, nesse ambiente, que funciona um imã, seria sugado. Esse fone transmite o som pelo ar”, explica Ronaldo Hueb Baroni, coordenador médico do serviço de ressonância magnética do Einstein.

Segundo ele, de forma empírica é possível perceber que o paciente fica mais calmo ouvindo música. A literatura médica aponta que até 10% das pessoas sentem claustrofobia ou outros desconfortos durante o exame.

“Além da música, lançamos mão de várias ferramentas, como salas com janelas, painéis fotográficos e máquinas com túneis mais abertos e mais curtos, para tornar o ambiente mais confortável e mais lúdico”, diz Baroni. A pesquisadora do Einstein Eliseth Leão, coordenadora dos estudos, diz que, no primeiro momento, a ideia é que as seleções musicais proporcionem entretenimento.

Depois, com os estudos aprovados pelo comitê de ética do hospital, serão investigados, por exemplo, a associação de diferentes estruturas musicais, como o ritmo, às respostas fisiológicas.

“Se você gosta de música erudita e eu de MPB, posso verificar essas estruturas musicais e avaliar se elas podem ser isoladas do gênero. E poder ofertar uma playlist mais direcionada para o tipo de desfecho clínico que a gente quer observar [como relaxamento e menos dor].”

Fonte: CGN

 

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