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Justiça paulista busca ‘pais por uma hora’ a crianças que vivem em abrigos

abr 27, 2015
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Procuram-se pessoas dispostas a dedicar ao menos uma hora de suas semanas para conversar, ir ao cinema e passear com meninos e meninas em situação de abandono em São Paulo.

Um projeto piloto da Justiça está cadastrando, selecionando e preparando paulistanos que queiram ser “pais por uma hora” de crianças e adolescentes com mais de 10 anos e que possuem poucas chances de conseguir uma família adotiva permanente.
“A ideia é dar uma experiência de convivência em família e social a meninos abrigados para quem, por razões diversas, o processo de adoção ainda não se deu e dificilmente vai acontecer” diz a juíza Dora Martins, da Vara Central da Criança e do Adolescente de São Paulo.
De acordo com a juíza, o processo de seleção irá verificar se o candidato está apto a assumir responsabilidades afetivas com os meninos e meninas e se tem condições emocionais para o desafio.
“Não estamos atrás de ações de caridade ou de pessoas que querem compensar perdas. Queremos voluntários comprometidos com uma causa social e humana.”
Em princípio, crianças e adolescentes de três abrigos vão participar. Numa segunda etapa, tocada pela Prefeitura de São Paulo, todas as casas de acolhimento da cidade vão ser atendidas.
“Quero alguém para conversar, para contar segredos, para desabafar e tirar dúvidas sobre a vida. Pode ser qualquer pessoa, homem, mulher, casal, desde que seja legal e que goste de mim, né?”, diz W., 17, há 14 anos morando em abrigos.
Os padrinhos, em acordo com a direção dos abrigos, poderão fazer programas mais longos com os afilhados, como ir a uma sessão de cinema, passar uma tarde no parque ou mesmo passar um final de semana juntos.
Uma equipe de psicólogos do Instituto Sedes Sapientiea, que irá selecionar os pretendentes, vai monitorar e avaliar as relações entre crianças e jovens e seus padrinhos.

R., 12, mora há sete anos no abrigo e está ansiosa para ter um “pai por uma hora”.

“Não importa se a pessoa more numa casa grande ou pequena, se é rica ou pobre, se pode me ver só uma hora por semana, se são duas mulheres ou dois homens. Gostaria de alguém para ter uma experiência de família, para me amar”, diz ela.

A chefe do setor de psicologia da Vara Central da Criança e do Adolescente, Eliana Kawata, afirma que há desafios, mas que as equipes estão sendo preparadas.

“Vamos testar uma nova cultura nas relações das crianças de abrigo. Teremos situações difíceis para enfrentar, como uma possível confusão do papel do padrinho ou o enfrentamento inicial de um afilhado com cara mais durona, mas estamos prontos para começar e encarar os fatos.”

Os padrinhos selecionados irão assinar termos de compromisso com o programa, mas não terão de assumir encargos legais –além dos normais para zelar por uma criança ou adolescente.
Ninguém poderá escolher os afilhados ou os padrinhos. O processo será feito pela equipe do projeto. Haverá encontros de aproximação antes do início das visitas.
Os interessados devem, primeiramente, entrar em contato com apadrinharvijcentral@gmail.com e grupoacesso@sedes.org.br manifestando o desejo de participar do programa.

 

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