• qui. abr 25th, 2024

Professor cego da Unesp conquista título de livre-docência

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Vítima de uma doença que o deixou cego desde os 9 anos de idade.

O professor Eder Pires de Camargo conquistou um título importante de ser o primeiro deficiente visual no Brasil com livre-docência. Ele dá aula de física na Unesp de Ilha Solteira (SP). O candidato a livre-docente deve possuir extensa experiência em ensino. A banca de Eder, onde ele teve aprovada a livre-docência, foi realizada há 15 dias.

Eder mora sozinho e se vira muito bem. Aos 43 anos, quando era criança ele foi diagnosticado com retinose pigmentar e doença de Stargardt. A retina foi comprometida. “A perda visual foi progressiva até chegar ao estágio que tenho hoje de cegueira”, afirma.

Os obstáculos ele conta que não foram nada fácil enfrentar. Ainda quando estudava no ensino médio, alguns até falavam para ele desistir, mas graças a um professor, tudo mudou. “Ele me buscou no fundo da sala e disse que eu tinha potencial, me levou para a primeira carteira e me ensinou matemática”, diz o hoje professor.

Hoje ele é professor da Unesp e também da pós-graduação da Faculdade de Ciências de Bauru(SP). A inspiração revolucionou o jeito de ensinar em sala de aula. “Eu tive de tornar os livros, arquivos digitais em uma forma acessível para eu poder ler”, afirma.

Professor Eder é livre-docente
(Foto: Reprodução / TV TEM)

As aulas são preparadas por ele e traduzidas por meio da voz em um notebook. O conteúdo deixa os livros de lado e dá vida as maquetes. A alegria que ele ensina é contagiante. “Eu imagino como ele conseguiu aprender tudo isso, mesmo tendo das dificuldades, então é uma pessoa especial”, afirma a aluna Adriana Guirão Presotto.

A didática usada em sala de aula vai muito além do que diz a teoria. A física ganha uma aliada a mais, a inclusão dos alunos no aprendizado. Essa prática foi defendida pelo Eder recentemente em uma banca e hoje ele é o primeiro deficiente visual no Brasil com livre-docência, um dos títulos mais importantes da carreira universitária. “Penso que temos de facilitar mais a vida para os cegos, ter mais material em braile, digitalizado no computador para o cego chegar  a ter acesso e chegar a nestes níveis de escolaridade” , afirma.

Ele também já publicou cinco livros na área de física para ensino de deficientes visuais. A sexta edição está quase para sair. Ele também será um dos 12 mil brasileiros que conduzirão a tocha das olimpíadas do Rio-2016. A jornada do símbolo olímpico no Brasil, que vai e 3 de maio a 5 de agosto, passará por Lençóis Paulista (SP), cidade natal do professor , no dia 17 de junho.

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