• ter. abr 23rd, 2024

A amizade entre uma menina e uma águia

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Aos 24 anos, o fotógrafo israelita Asher Svidensky já sabe bem o quer: contar estórias com a sua câmara. No final de 2013, viajou até à Mongólia, no interior da Ásia. Ali encontrou tradições antigas que estão a passar para as novas gerações. E uma menina que percorre as montanhas com uma águia na mão.por Patrícia Maia
No topo da montanha, a menina e a águia partilham o mesmo céu. Para encontrar esta imagem, o jovem fotógrafo Asher Svidensky teve que “ouvir o sussurro” da sua “voz interior”. Valeu a pena. As fotos dos caçadores-águias da Mongólia foram publicadas em jornais e revistas do mundo inteiro e valeram-lhe fama internacional.
Num mundo saturado de imagens, Asher acredita que para marcar a diferença, enquanto fotógrafo, é preciso ir mais longe. “Não penso que os ‘smartphones’ e as câmaras digitais ameacem a nossa carreira, mas tento acrescentar algo de mais valioso, aliando as minhas imagens à minha vontade de contar estórias”, explica em entrevista ao Boas Notícias, a partir de Israel.
Para encontrar uma boa estória, é preciso procurar. Depois de trabalhar três anos como fotógrafo do exército e dois anos na área da publicidade, Asher conseguiu juntar dinheiro para ir atrás dos seus instintos e encontrar o que procurava.
Esteve 40 dias na Mongólia a fotografar. Contratou um tradutor para ficar “mais próximo das pessoas”, percorreu quilómetros a cavalo. Foi em Ulgii, uma cidade na zona oeste do país, que ouviu falar nos caçadores-águia. Na Mongólia, esta é uma tradição com vários séculos. Os caçadores são iniciados por volta dos 13 anos, altura em que já têm força para segurar uma águia com as mãos. As aves são domesticadas desde bebés e são usadas para caçar animais como raposas ou marmotas.
“Encontrar estas famílias foi um desafio. Ouvimos dizer que existiam mas não sabíamos exatamente onde estavam. Andámos muitos quilómetros a cavalo, em montanhas que chegavam aos 20 graus negativos, perguntando às pessoas se conheciam algum caçador. Ao fim de uns dias batemos à porta de uma casa e quando o miúdo abriu a porta percebi logo que tinha encontrado a pessoa certa”, recorda o fotógrafo.
Depois de passar alguns dias com a família do jovem Irka Bolen e de o fotografar treinando a águia com o seu pai, Asher continuou à procura de mais personagens para completar a sua estória. Chegou a fotografar o menino-caçador mais jovem da Mongólia. Bahak Birgen tem hoje 14 anos, mas começou a treinar a sua águia quando tinha apenas 8 anos. Mesmo depois destas imagens, o fotógrafo israelita sentia que continuava a faltar qualquer coisa.
“Momentos que me fazem sentir vivo”
Foi então que a sua busca conduziu à estória que viria a marcar a diferença: a única rapariga que convive, tal como os rapazes, com uma águia. A tradição mongol dita que apenas os homens devem ser iniciados nesta arte, mas a jovem Ashol Pan prova que, mesmo na Mongólia, a tradição nem sempre é o que era. São estes momentos que “me fazem sentir vivo e que me fazem sentir que o que faço vale a pena”, conclui o fotógrafo.

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