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Bombeira do Acre inova e cria equipamento inédito para salvamento

nov 27, 2019
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Estado acreano é pioneiro no uso do dispositivo. Criação, patenteada por bombeira, foi criada durante curso de formação da tenente em Goiás.

O Acre é um dos estados que compõem a Amazônia e, por isso, é comum registrar muitos chamados para resgate e captura de animais, sejam eles silvestres ou domésticos que acabam se envolvendo em algum tipo de acidente.

Só este ano, o Corpo de Bombeiros no Acre atendeu, em todo o estado, 3.048 ocorrências de resgate e captura de animais. Deste total, 1.228 foram atendidos pelos três batalhões em Rio Branco.

O resgate ou captura desses animais pode durar muito tempo e não tem um equipamento específico para esse tipo de atendimento. Ou melhor, não tinha. Porque a tenente Ruana Casas, de 31 anos, criou uma ferramenta que vai ajudar nesses atendimentos e também dar mais segurança aos militares.

Pioneiro

O Cespú Xavier de Salvamento, como foi batizado pela tenente, é um equipamento que consiste basicamente no uso de um cesto e um pulsar. O projeto foi criado enquanto ela fazia o treinamento em Goiás e foi posto em prática no Acre, tornando o estado pioneiro no novo método. Ele foi apresentado também no Seminário Nacional de Bombeiros (Senabom).

“Foi o meu projeto de conclusão de curso e, como eu precisava de um trabalho concluído, de um resultado, fiz a primeira mostra do equipamento lá em Goiás mesmo, fiz os primeiros testes com animais, cachorros em poço e fiz o teste com uma criança também em um poço”, conta.

Ela começou a trabalhar no projeto em fevereiro do ano passado. Como mostra o vídeo de um dos testes, a junção entre o pulsar e o cesto acaba formando uma base para que o resgate seja feito.

Desta forma, evita-se que o militares desçam até a superfície e também façam o resgate em segurança. Os testes também foram feitos com crianças.

“Nos Corpos de Bombeiros do Brasil nós utilizamos os equipamentos de captura e contenção, que são os mesmos que zoológicos, CETAS [Centro de Triagem de Animais Silvestres], e clínicas veterinárias usam. A diferença é que temos que realizar o salvamento, então, já vamos resgatar o animal em uma situação difícil, ele sofreu um acidente, se machucou, está em um ambiente confinado e a gente acaba fazendo o salvamento com esses equipamentos porque não temos um equipamento específico para isso”, explica.

E foi pensando em melhorar esse atendimento, aliado à sensibilidade, que a tenente criou o novo aparato.

“Então, a necessidade veio daí, da dificuldade para resgatar o animal. Não tem equipamento apropriado, coloca em risco a segurança dos bombeiros, coloca em risco a segurança do animal, tem toda uma dificuldade, então, foi em cima dessa dificuldade que decidi não me conformar. Pensei: ‘não me conformo, tem que ter um jeito’”, acrescenta.

‘Era tão real’

A invenção da bombeira, devidamente patenteada, chamou a atenção das corporações de todo o país. O projeto foi apresentado pela primeira vez em Goiás, onde fez o treinamento e, segundo o Corpo de Bombeiros, algumas empresas já se interessaram pela comercialização do produto.

“Quando o equipamento surgiu na minha cabeça era tão real a ideia, que achei que ela existia. Comecei a procurar no mundo, nas corporações, e não achei, como não achei, decidi fazer”, relembra.

Além de garantir mais segurança aos militares, o equipamento reduz o tempo de um resgate, por exemplo.

“Um resgate que poderia durar horas, dura minutos. Em determinadas ocorrências, com esse equipamento, o bombeiro não precisa descer no poço e com dois bombeiros eu consigo fazer esse resgate. Sendo que, se não tivesse o equipamento, seria necessário quatro ou cinco bombeiros, teria que montar um sistema para o bombeiro descer, e descer em um poço abandonado é um risco altíssimo devido ao acúmulo de gases no fundo. Já aconteceu até óbitos de bombeiros nesse sentido”, pontua.

A criação da tenente Ruana já está sendo usada em Rio Branco, no 1º Batalhão. Outros testes foram feitos com o novo método. Segundo ela, o equipamento suporta até 120 quilos sem ser danificado.

Agora, a ideia é expandir o uso do novo equipamento em todo o estado. A tenente destaca ainda que os chamados para resgate ou captura de animais lideram o ranking de demandas da corporação e o dispositivo deve dar mais segurança, além de otimizar esse atendimento.

“É o segundo maior número de ocorrências, de capturas e resgate de animais. Então, nossos recursos, nosso efetivo, estão voltados para isso. O período de incêndio florestal aumenta muito essas ocorrências, porque os animais saem da floresta e vão para a cidade em busca de água, aí têm poços, cisterna, então, tem tudo isso”, finaliza.

Fonte: G1

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