Nickollas tem 11 anos e foi adotado por Sílvia depois de 12 casais desistirem.
A imagem se espalhou. E já emocionava: a mãe no estádio narrando para o filho, deficiente visual, o que acontecia no clássico entre Palmeiras e Corinthians, no domingo passado, na arena palmeirense. Mas a história que forma esta união é ainda mais tocante.
Nickollas Grecco tem 11 anos e, ao nascer, já teve que lutar pela vida. Ele veio ao mundo com apenas cinco meses de gestação. Pesava 500 gramas. A prematuridade do nascimento impediu a formação de suas retinas. Por isso, ele não enxerga.
Foram quatro meses de internação no hospital. E só no fim do período ele ganhou uma mãe (e uma futura narradora). Só aí ele conheceu Sílvia.
Ela já tinha uma filha e queria aumentar a família. E escolheu Nickollas. Mas havia um empecilho: outros 12 casais estavam na frente na linha da adoção. E aí, um a um, foram desistindo.
– Doze casais declinaram por algum motivo. Não, o motivo eu sei: está marcado, ele tinha que ser meu filho. Faz parte da nossa história – diz Sílvia.
E a história envolveu o amor pelo Palmeiras. Sílvia passou a narrar os jogos para Nickollas: se ele não podia ver os lances, podia senti-los como poucos. E foi assim, com o sentimento pulsando no coração alviverde, que ele conheceu o estádio por dentro: vestiu a camisa, entrou no vestiário, pisou no gramado, tocou o símbolo que tanto ama, encostou na taça da Libertadores. Por fim, escutou o hino – o som que mais mexe com ele.
– Não é impressionante? É impressionante. Ele fica com uma vibração, todos os músculos, tudo vai mexendo, o sorriso largo. É contagiante – comenta Sílvia.
Fonte: Globo Esporte