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Corrente do bem: Médico remove tumor de 2.5kg do rosto de menina

mar 14, 2017
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Melyssa, de 3 anos, que mora em Guarulhos, tinha tumor raro e agressivo. Por meio do médico brasileiro, menina fez cirurgia nos EUA e passa bem.

Um médico de Santos fez parte da equipe que tirou um tumor de 2,5 quilos do rosto de uma menina brasileira de três anos, nos Estados Unidos. O cirurgião buco-maxilo-facial Celso Fernando Palmieiri Jr. está há 10 anos em terras americanas e, ao saber do caso, fez de tudo para ajudar a menina a voltar a ter uma vida normal. Ele conta que curar uma brasileira com os recursos americanos trouxe satisfação e alegria, ainda mais estando bem longe do seu país.

Palmieri mora há quase dez anos nos Estados Unidos. Ele fez uma entrevista para trabalhar no hospital LSU Health Shreveport. Aprovado, mudou-se com a esposa e os três filhos para Shreveport, no estado de Louisiana. Em 2016, ele conta que estava lendo notícias na internet quando se deparou com o caso da menina Melyssa Delgado Braga, de Guarulhos. Desde um ano e dois meses, ela lutava contra um tumor agressivo, que atingia cabeça e pescoço.

Em 2014, durante uma brincadeira com a filha, os pais perceberam que o pescoço dela estava com um nódulo. Após idas e vindas ao pronto socorro do convênio, exames, tomografias e médicos especialistas, a mãe levou a filha na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, onde foi constatado o tumor. O problema aumentou muito, atingindo o lado esquerdo do rosto de Melyssa. Ela não conseguia fechar a boca porque o inchaço não permitia, passou a se chamar de feia e não queria receber visitas.

“Eu comecei a ler e ver que poderia ajudar a menina. Meu chefe tem bastante experiência com tumores grandes e raros. Mandei uma foto dela para ele e vi se poderíamos ajudar no tratamento. Ele falou que sim e me deu o ok para atender”, conta o médico. A equipe que trabalha com Palmieri é composta por médicos especialistas em tumores grandes e em pescoço e cabeça, sob o comando do professor e presidente do Departamento de Cirurgia Oral e Maxilofacial do Centro de Ciências da Saúde Shreveport da LSU, Dr. G. E. Ghali.

Palmieri conseguiu localizar a família e pediu para que eles enviassem exames e documentações médicas para que o caso de Melyssa pudesse ser analisado nos Estados Unidos. Os americanos verificaram que o tumor era um mixoma odontogênico e fecharam um diagnóstico. Além da cirurgia, o hospital ofereceu um apartamento para que a família se hospedasse durante todo o período em que Melyssa ficasse nos Estados Unidos.  Todo o tratamento oferecido pelo hospital custaria, aproximadamente, entre US$ 300 e 500 mil.

Melyssa viajou com os pais e um irmão no dia 9 de dezembro para os Estados Unidos. Uma grande campanha promovida pela família na internet arrecadou R$ 80 mil para pagar o restante das despesas da viagem.  Nos Estados Unidos, a menina passou por uma série de exames e passou pela cirurgia no dia 20 de dezembro.

“Foi uma cirurgia de 8 a 10 horas para a retirada do tumor. Não teve nada muito diferente a não ser por ter sido de um tamanho grande. A proporção que ele tomou é que o tornou mais raro. O tumor estava começando a comprimir as vias aéreas”, explica ele.

De acordo com o médico, o tumor foi removido e parte da mandíbula também teve que ser retirada, onde foi colocada uma placa de titânio. “A menina vai crescer e, em algum momento, terá que trocar a placa e fazer uma cirurgia de reconstrução para fazer um enxerto ósseo”, afirma.

Após a cirurgia, Melyssa ficou internada no Hospital LSU. A menina ficou sob os cuidados médicos nos Estados Unidos até o fim de janeiro, quando retornou ao Brasil com os pais e com o rosto reconstituído. “É uma sensação de felicidade, gratidão e muito alívio. Foi a situação mais difícil que já vivemos. Agora, queremos aproveitar e viver a rotina que sempre sonhamos. Só queremos que ela seja feliz, tenha uma infância”, disse Caroline quando chegou no aeroporto de Guarulhos.

Segundo Palmieri, a cirurgia foi bem sucedida e o tumor foi retirado com uma margem de segurança. A menina pode ter uma vida normal e alguns cuidados para que não tenha quedas ou algum trauma na região da mandíbula.

Para ele, que continua nos Estados Unidos, a cirurgia poderia ser feita no Brasil porque há médicos cirurgiões e estruturas hospitalares preparadas para isso. Porém, poder realizar uma cirurgia deste porte e melhorar a vida de uma brasileira em terras americanas foi uma grande experiência.

“Foi muito gratificante. Por ter visto a cirurgia, ser o único brasileiro, poder ajudar uma família. O procedimento cirúrgico a gente faz todos os dias, mas a cirurgia em si foi uma oportunidade de participar de um caso diferente, especial e raro. E o principal é a sensação de ter participado da vida dessa menina de três anos. Você ver uma criança, uma família pedindo ajuda para o tratamento da filha, a gente se comove.  De repente, pequenas ações podem resultar em grandes coisas para as pessoas”, finaliza Palmieri.

Fonte: G1

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