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Cura da calvície parece estar em remédio contra a osteoporose

maio 10, 2018
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Remédio desenvolvido para a osteoporose pode acabar com a calvície, constatam pesquisadores do Centro de Dermatologia da Universidade de Manchester.

Perder os cabelos pode causar sérios danos psicológicos em homens e mulheres, e atualmente há poucas opções para lidar com o problema. Um estudo publicado na revista Plos Biology sugere que um novo medicamento pode acabar com a calvície facilmente. Segundo a pesquisa do Centro de Dermatologia da Universidade de Manchester, uma droga desenvolvida originalmente para tratar osteoporose teve um efeito descrito como “dramático” em folículos humanos doados por pacientes que se submeteram à cirurgia de transplante capilar.

Atualmente só existem duas substâncias para tratamento da alopécia androgenética, o minoxidil e a finasterida. Porém, ambas têm efeitos colaterais moderados e produzem resultados modestos. Aos pacientes que sofrem com a calvície, a única outra opção é o transplante que é caro e doloroso. Além disso, nem todos podem se submeter à técnica.

Como parte de seu projeto de PhD, Nathan Hawkshaw procurou desenvolver novas estratégias para promover o crescimento de cabelo com substâncias novas e bem toleradas. A equipe se concentrou sobre um medicamento imunossupressor, a ciclosporina A (CsA), usada desde a década de 1980 para controlar doenças autoimunes e evitar a rejeição em transplantados. A droga geralmente provoca efeitos colaterais severos, sendo o menos perigoso — porém, mais interessante — o fato de fazer crescer cabelo.

Hawkshaw, então, fez uma análise em profundidade da expressão genética de folículos pilosos isolados do escalpo humano, tratados com CsA. O estudo revelou que a substância reduz a expressão da SFRP1, uma proteína-chave de regula negativamente a sinalização Wnt, um caminho molecular crucial para o desenvolvimento e crescimento de diversos tecidos, incluindo o cabelo. Assim, a equipe foi a primeira a identificar um novo mecanismo de ação desse velho e amplamente utilizado imunossupressor.

Simultaneamente, o estudo explica por que o CsA induz tão frequentemente o crescimento indesejado de pelos em pacientes tratados com ele: a droga remove um mecanismo de controle do crescimento capilar. Segundo Hawkshaw, é importante notar que esse padrão inibitório independe das atividades imunossupressoras do medicamento, fazendo do SFRP1 um “altamente promissor” alvo terapêutico para lidar com a queda de cabelo.

Loção

Depois de um trabalho considerado por ele “de detetive”, o cientista observou que um composto originalmente desenvolvido para tratar osteoporose, o WAY-316606 tem como alvo o mesmo mecanismo do CsA, ou seja, ele também impede a contenção do crescimento capilar. Quando Hawkshaw tratou folículos pilosos com o WAY, houve o efeito desejado: essa substância que não tem nada a ver como o imunossupressor também fez crescer o cabelo humano, em laboratório, de forma efetiva. Isso significa o potencial de a substância ser usada de forma externa, por exemplo, na forma de loção, com a mesma eficácia do CsA, porém sem os perigosos efeitos colaterais.

“Graças à nossa colaboração com um cirurgião de cabelo, conseguimos conduzir nosso experimento com folículos pilosos generosamente doados por mais de 40 pacientes. Isso fez nossa pesquisa clinicamente muito relevante, já que muitos estudos com cabelo são realizados apenas com cultura celular”, afirma Hawkshaw. “Quando o estudo dos efeitos do CsA sobre o crescimento de cabelo foram feitos em ratos, um mecanismo de ação celular muito diferente foi sugerido. Se tivéssemos confiado nessas pesquisas com rato, teríamos ido pelo caminho errado. O fato de esse novo agente, que nunca havia sido considerado no contexto da perda de cabelo, promover o crescimento dos pelos é muito animador porque isso pode, um dia, fazer uma diferença real na vida de pessoas que sofrem de calvície”, afirma.

“Graças à nossa colaboração com um cirurgião de cabelo, conseguimos conduzir nosso experimento com folículos pilosos generosamente doados por mais de 40 pacientes. Isso fez nossa pesquisa clinicamente muito relevante, já que muitos estudos com cabelo são realizados apenas com cultura celular”

Nathan Hawkshaw, principal autor do estudo.

Fonte: Correio Braziliense

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