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Enfermeiro do Samu canta para acalmar paciente com Alzheimer no DF

abr 15, 2019
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Flávio Vitorino Costa, de 55 anos, é socorrista há dez anos. Veja vídeo em que ele canta bolero para idoso.

Se o velho ditado “quem canta os males espanta” está certo, o enfermeiro brasiliense Flávio Vitorino Costa acerta todos os dias no trabalho que desenvolve no Samu. Quem mais se beneficia no caso dele, porém, são os pacientes.

A rotina entre hospitais e ambulâncias é de dedicação integral à saúde alheia. Há 34 anos na enfermagem, ele descobriu a música como principal aliada. Para facilitar a realização de procedimentos, muitas vezes doloridos, Flávio canta para distrair os pacientes.

“Cantar e fazer o paciente sorrir é o melhor remédio. Ele esquece da dor, gera endorfina e cria empatia por você, por mais que saiba que vai sofrer.”

No dia 28 de março, Flávio foi chamado para socorrer um homem de 87 anos com suspeita de infarto. Durante o atendimento, o idoso disse que gostava de bolero, mas que não se lembrava de nenhum – ele é portador de Alzheimer.

“Então eu cantei pra ele me acompanhar.”

Aos poucos, o idoso foi se lembrando da música e o vídeo dos dois cantando juntos foi parar na internet (veja). A gravação tinha 43 mil visualizações até a publicação desta reportagem.

 

Técnico de enfermagem do Samu publica vídeo no Facebook em que canta para paciente durante atendimento — Foto: Facebook/Reprodução

Antes de integrar o quadro de socorristas do Samu no Distrito Federal, Flávio trabalhou no Hospital Regional de Sobradinho, entre 1992 e 2008. Na unidade, ele fazia a música chegar aos pacientes logo pela manhã.

“Eu cantava para acordar todo mundo, tipo uma alvorada festiva.”

“O que as pessoas achavam que era exceção, na verdade é a regra. Faço tudo para humanizar o atendimento, trazer pra junto, diminuir o sofrimento. Canto, brinco, conto uma piada.”

O enfermeiro rastafari de 55 anos é especialista em atendimentos de emergência, mas, acima de qualquer coisa, é um músico apaixonado. Filho de cantor, Flávio até cogitou seguir carreira na música, mas foi desencorajado pelo próprio pai.

“Antigamente, levar uma vida de artista, vida boêmia, não era algo muito bem visto. Ele não queria que eu acompanhasse as coisas dele, mas a música sempre esteve na minha vida.”

O aspirante a cantor desviou o caminho profissional para a saúde, mas, nas horas vagas, a atenção ainda se volta para a música. Ele é um dos diretores de bateria da Escola de Samba Aruc, do Cruzeiro.

Seja durante o trabalho no Samu ou nos ensaios, a melodia se tornou uma forma de aliviar o próprio estresse. Grande aliado no atendimento aos pacientes, o hábito de cantar para os outros acaba por revigorar ele próprio, garante Flávio.

“A gente vive numa espiral psicológica muito forte. O tempo inteiro vê gente morrendo, crianças sofrendo, a gente vê o que tem de melhor e de pior no ser humano. Faz um parto, mas vê um idoso ser maltratado e isso te abala, claro.”

“Para não trazer, pra minha vida particular, as mazelas que vejo e não levar as minhas para o Samu, eu faço da música minha válvula de escape.”

Fonte: G1

 

 

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