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Escola de Porto Alegre ensina de graça alunos de escolas públicas a tocar instrumentos

mar 27, 2019
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Projeto já recebeu 60 alunos e atende estudantes de seis a 15 anos de escolas públicas.

O gosto por música é universal e independente do gênero. No entanto, aprender um instrumento ou técnica vocal nem sempre é uma possibilidade acessível, já que requer equipamentos que costumam ser caros. Pensando nisso, a Casa da Música de Porto Alegre, que atua há dez anos principalmente dando aulas particulares, abriu as portas para estudantes de escolas públicas, de seis a 15 anos, realizarem aulas gratuitamente.

Dentro da Casa, a Associação de Amigos Casa da Música de Porto Alegre (AACAMUS) foi criada para suprir as demandas do projeto. A iniciativa funciona desde agosto do ano passado, na sede na rua Gonçalo de Carvalho, no bairro Independência, e já atendeu cerca de 60 alunos de escolas estaduais do entorno, como a Uruguai, Othelo Rosa e Anne Frank e o Colégio Estadual Marechal Floriano Peixoto.

 

Neste ano, o objetivo é expandir para toda a cidade. Os professores ensinam na sede, mas também vão até as escolas que têm infraestrutura adequada.
Dentro da residência antiga de três andares, os cômodos são divididos de acordo com o grau de aprendizado dos alunos e os instrumentos, entre viola, violoncelo, contrabaixo, piano em grupo, flauta doce, violão, grupo vocal e o preferido, que é o violino. As lições de música acontecem sempre no turno inverso ao da escola e abrangem música clássica à Música Popular Brasileira (MPB).
Os estudantes ingressam por meio de inscrição na sede da escola, quando é marcada uma data de início. Cada criança pode realizar duas modalidades. A aula tem duração de uma hora. Os ensaios acontecem de forma separada, de acordo com o nível de cada aluno, e atentam para a apresentação da Orquestra Jovem Casa da Música, criada na instituição reunindo todos os alunos para tocar juntos.
A dedicação e o foco das crianças impressionam. “No turno inverso, em vez de estarem no celular, estão aprendendo um instrumento”, contrasta a realizadora do projeto, a diretora artística da Casa da Música e cantora lírica Angela Diel. A diretora diz que é notória a mudança nos aprendizes, principalmente os que vieram de situações sociais de maior risco, como os alunos da Vila dos Papeleiros, que fica ao lado da Arena do Grêmio, na Capital, e que encontraram na música um refúgio.
Para Angela, o efeito mais importante é a inclusão na cena musical e trazer perspectivas de futuro. Sobre a recepção das famílias, a diretora diz “é muito boa, pois percebem que a criança tem habilidades artísticas”.

Além do diferencial das aulas, a idealizadora destaca que a gestão é coletiva e baseada na confiança, refletida não só na relação com os professores, que têm liberdade para ir na casa quando quiserem – eles têm a chave do local -, mas também com os alunos, que podem levar os instrumentos para ensaiar em casa. “Se não levarem, não há rendimento”, justifica Angela.

 

A aluna Ana Paula Quadros, de 13 anos, diz que tocar violino era um desejo antigo. “Eu dizia para os meus pais que queria aprender o instrumento, mas eles achavam difícil de aprender, então não fiz aulas”. Agora, ela é aplicada no instrumento e até mesmo guia as colegas durante o ensaio da orquestra.

 

Colega de instrumento da Ana Paula, Emmanuele Batista, de 14 anos, diz que não poderia frequentar as aulas e não fosse pelo projeto. A família dela não teria como pagar a formação. “É uma grande oportunidade e abre portas para pessoas como eu realizarem seus sonhos”, valoriza a adolescente.
Para quem ficou empolgado em fazer parte do projeto, a Casa da Música está com inscrições abertas este mês para alunos de escolas públicas. Vagas para todos os instrumentos estarão abertas, mas o local busca candidatos a aprender a tocar contrabaixo, violoncelo e viola. No site www.casadamusicapoa.com.br, há mais informações, inclusive sobre como as pessoas podem se associar à AACAMUS e ajudar a financiar os projetos.

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