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Estudante de Suzano consegue vaga em curso do MIT, nos EUA, e vende trufas para pagar despesas

jun 11, 2018
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Robson Vinicius de Amorim Silva conseguiu também 98% de bolsa e passagens, mas precisa de dinheiro para a alimentação e documentos. Jovem teve dificuldades de aprendizagem no início da vida escolar e, depois de tratamento, se tornou autodidata.

O estudante de Suzano, Robson Vinicius de Amorim Silva, de 18 anos, foi aprovado para fazer um curso de férias no Instituto de Tecnologia de Massachssets, o MIT, nos Estados Unidos. Para custear os gastos com alimentação e documentos, ele vende trufas na bicicleta que apelidou de “food bike”.

Robson embarca em julho e até lá quer levantar R$ 3 mil para os gastos com alimentação e documentos. Além da vaga na instituição, ele conseguiu 98% da bolsa, estadia e ganhou as passagens da escola em que estudou.

Durante o curso de férias no MIT, nomeado de LaunchX, os alunos serão monitorados por especialistas e empreendedores, a fim de que, ao final do período, tenham uma startup pronta para entrar no mercado.

Entre maio e junho, Robson prepara o pré-work do projeto, quando deve direcionar as áreas de interesse, e chegar até uma série de prováveis projetos. “As minhas principais áreas de interesse são robótica móvel e realidade virtual”, destaca.

A conquista representa também uma superação: na infância Robson teve dificuldades de aprendizado e precisou de reforço e acompanhamento psicopedagógico. No início da vida escolar, tinha dificuldade para juntar sílabas e formar palavras. A mãe diz que ele chegou a ser recusado em alguns colégios.

Trufas

Esta não é a primeira vez que o estudante vende doces para pagar estudos. Quando estava no ensino médio, ele sugeriu aos amigos que fizessem trufas para levantar dinheiro e comprar os equipamentos para montar robôs para as Olimpíadas de Robótica. “Nós estávamos em quatro amigos, cada um deu R$ 30. Compramos os ingredientes, começamos a vender e em seis meses já tínhamos R$ 5 mil”, conta.

O valor foi investido na compra de sensores, baterias, impressão em 3D, entre outros sistemas para a montagem de robôs. Com isso, o grupo conquistou o primeiro lugar nas etapas regional e estadual e o quinto na disputa nacional.

A ideia de retomar as venda de doces veio após a aprovação no curso de férias do MIT. Ser aceito não era garantia de participar, já que o estudante precisava arcar com as despesas. O custo total do programa é de US$ 6.295, cobrindo toda a estadia e o curso.

Após a aceitação, ele teve sete dias para traduzir os documentos e tentar uma bolsa. O resultado foi de 98,45% de bolsa, restando US$ 100.

Para fechar o orçamento, Robson ainda precisava de cerca de R$ 7 mil, incluindo o valor das passagens. Ele ficou sabendo que o presidente do Sesi, escola em que estudou, estaria na unidade de Suzano para um evento. Levou a carta de aceite, contou a situação financeira da família e conseguiu que a instituição arcasse com as passagens.

Agora ele precisa de cerca de R$ 3 mil para a alimentação durante todo mês nos EUA e os custos com a documentação. “Para comer eu vou gastar cerca de US$ 20 por dia, tem ainda o passaporte, visto, alguns custos com tradução de documentos. A minha mãe vai me dar um pouco, as mães dos meus amigos estão fazendo uma rifa para me dar parte do dinheiro e o restante eu devo conseguir com a vendas das trufas”, conta.

Dificuldade na alfabetização

Relembrando as dificuldade do filho durante a alfabetização e comparando com a mais recente conquista, a mãe Ana Silvia Galvão Amorim Silva, de 48 anos, diz estar estarrecida. Ela ainda lembra que Robson chegou a ser recusado em alguns colégios da cidade. “Eu sou professora e na época eu fiquei bastante triste com a situação, porque parecia que eu não estava me dedicando na educação do meu filho”, destaca.

Ana então matriculou o filho em uma escola de reforço e o levou até uma psicopedagoga. Ele também foi atendido pela fonoaudióloga Cristina de Carla Monteiro Santana.

Na época, o estudante estava na segunda série e conseguiu uma bolsa de estudos no Sesi, mas para começar no primeiro ano. Tanto a mãe quanto a profissional acharam que seria importante que ele voltasse um ano na escola. “Ele foi alfabetizado no consultório”, conta Cristina.

Segundo ela, os métodos pedagógicos não seriam suficientes. A fonoaudióloga ressalta a importância de o professor buscar ajuda quando percebe que o aluno não está evoluindo.

A mãe diz que passou a perceber que Robson realmente tinha vencido a dificuldade de alfabetização quando ele ficou em segundo lugar em uma avalição de final do ensino fundamental de toda a escola.

“Um dia ele estava comigo na sala e começou a fazer uns comentários científicos e eu questionei de onde ele estava tirando aquelas informações e ele disse que lia revistas online. Ele realmente se tornou um autodidata”, avalia.

Determinação

O amor pela robótica alimentou o sonho de Robson de se formar em universidades dos EUA, que são as mais renomadas no ramo. A primeira tentativa foi em meados de 2017, para um curso na universidade de Stanford, na Califórnia. Ele conta que se inscreveu, fez os testes mas não conseguiu entrar. Ainda assim, ficou numa lista de espera porque teve um bom desempenho.

Em seguida ele tentou o curso no MIT, que apesar de não ser um requisito para ingressar na gradução em universidades americadas, será um facilitador na avaliação dele.

O processo seletivo do MIT foi composto por formulários com a descrição das atividades extracurriculares, simulações de investimentos, histórico escolar, um conjunto de pequenos textos explicando as propensões e habilidades dele com o empreendedorismo, um vídeo totalmente em inglês contando a história e uma entrevista em inglês com a organização do programa.

“A vida é como um copo pela metade e a cada dia ela te rouba um gole. Então cada dia eu tenho que pensar o que de melhor eu vou fazer com ela para ter os melhores resultados, sem esquecer de onde estou, qual é a minha realidade e para onde quero ir”, enfatiza o estudante.

Nesta filosofia, a preparação do jovem para a universidade começou bem antes de ser aceito no MIT. “No final do primeiro ano eu coloquei esta meta para a minha vida, então comecei a estudar inglês sozinho e com frequência, para conseguir fluência”, conta.

Hoje, o estudante considera estar no nível avançado para a leitura e compreensão. A fim de melhorar a conversação, ele começou um curso, via internet, com um professor americano, quatro vezes por semana. “É uma opção que não é cara e assim eu descarto a possibilidade de qualquer perrengue por lá”, conta.

Fonte: G1

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