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Filtros no Instagram: a modelo por trás da campanha #filterdrop, pela exibição de ‘peles reais’

set 14, 2020
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Filtros de aplicativos de celular têm se tornado cada vez mais populares para mudar fotografias e selfies, especialmente por aqueles que querem se mostrar mais dentro dos padrões convencionais de beleza no mundo das redes sociais.

Uma pesquisa recente, feita pelo grupo Girlguiding, descobriu que cerca de um terço das jovens não publica fotos suas nas mídias sociais sem antes usar um filtro que modifica a sua aparência.

Das 1.473 jovens entrevistadas, com idades de 11 a 21 anos, 39% disseram se sentir infelizes por não se parecerem na vida real com as imagens que publicam de si mesmas na internet.

A pesquisa reflete as preocupações da modelo e maquiadora Sasha Pallari, que recentemente lançou a hashtag #filterdrop, na esperança de ver mais “peles de verdade” no Instagram.

“Eu pensei ‘alguém já percebeu o quão perigoso é isso?'”, ela afirma, lembrando de uma vez que viu uma marca global de beleza republicando um conteúdo com filtros feito por uma influencer.

“Eu não quero que as crianças cresçam pensando que não são boas o suficiente por causa daquilo que elas enxergam nas mídias sociais.”

A modelo de 28 anos de Bristol, no Reino Unido, publicou em seu próprio Instagram uma reclamação. A resposta foi tão grande que ela lançou a campanha #filterdrop com a hashtag.

“Foi quando a coisa entrou em erupção. Ver uma série de fotos honestas e realísticas foi fenomenal.”

Ela vem pedindo que pessoas publiquem fotos sem filtro em contas de Instagram para “valorizar que elas são, acima de quem elas se parecem”.

“Nós simplesmente não vemos peles normais o suficiente.”

“Para mim, não é uma questão colocar foto sem maquiagem, e não usar um filtro, mas para algumas dessas mulheres que fizeram isso… bem, uma disse que era mais assustador que ter um bebê.”

A professora de escola primária Katie McGrath seguia Pallari nas mídias sociais há quase um ano.

Ela nunca imaginou que sua navegada diária no Instagram teria repercussões em sua profissão. Mas foi isso que aconteceu.

“Perto do período final da quarentena, eu recebi um e-mail de um dos pais ressaltando suas preocupações com a mudança no comportamento do seu filho”, diz Mcgrath.

“O e-mail dizia que a criança estava tendo problemas com sua aparência física. Eu fiquei chocada. A criança tinha quatro anos, só quatro.”

“Isso me fez ter um profundo sentimento de tristeza, que em uma idade tão jovem nossas crianças estão percebendo suas aparências físicas.”

A professora de 29 anos do País de Gales descobriu que a aluna estava acompanhando tutoriais de maquiagem pelas redes sociais.

“Ela conversou comigo sobre não gostar do seu rosto sem maquiagem e querer mudar a cor do seu cabelo. Foi aí que a #filterdrop veio para me salvar.”

“Eu sentia que podia conversar com a aluna sobre autoconfiança e de todas as coisas que eu estava tentando aprender com a campanha.”

A menina de quatro anos perguntou a McGrath por que a professora usava maquiagem todos os dias, e ela não soube responder.

Na semana seguinte, ela foi para a escola com “seu rosto natural”.

“Eu não teria conseguido sem a confiança que a campanha de Sasha me deu.”

McGrath é uma de centenas de mulheres que responderam à campanha de Pallari com seus próprios relatos.

A modelo diz que adquiriu força assim para continuar enfrentando um problema que antes parecia ser grande demais para se encarar.

O vídeo de Pallari sobre a campanha #filterdrop já foi visto quase 50 mil vezes no Instagram.

Ela foi inundada com mensagens de apoiadores, muitos dos quais não percebiam o quão importante os filtros eram para eles até que tentaram parar de usá-los.

Uma mulher que respondeu, uma mãe de 33 anos da Escócia, havia parado de dar permissão para que outros tirassem fotos suas há três anos ? mais ou menos o mesmo tempo que ela começou a seguir influencers de beleza e boa forma.

“Eu realmente queria ser uma das mulheres que apoia o que Sasha está fazendo, mas quando abri minha câmera eu desabei em lágrimas e fiquei doente ao ver a pessoa que estava me olhando”, diz ela.

“A ideia de que essa imagem estará lá fora para as pessoas julgarem e compararam com as imagens pesadamente alteradas não é algo que eu suporte.”

Ela disse que tinha um histórico de relações envolvendo abuso emocional, físico e psicológico e que “sua autoestima não está onde precisa estar”.

“Há tantas pessoas que sentem o que sinto, muito dependentes de filtros e vislumbrando um caminho de dismorfia.”

Saúde mental deve ser um foco nacional de atenção; não temos desculpas para não saber o quanto essas representações não saudáveis podem potencialmente desencadear e impactar de forma negativa nossos jovens.”

Outra seguidora de Pallari, Zia Hutchings, disse: “Sasha começou compartilhando coisas sobre a campanha de abandonar o filtro no seu Instagram e eu percebi, literalmente, que detesto meu rosto, primeiro sem maquiagem, e segundo sem filtro”.

“Eu vejo tantas meninas e modelos bonitas nas mídias sociais com pele perfeita, um nariz perfeito, corpos perfeitos. Eu tenho sardas, pigmentação danificada pelo sol e tive um bebê”, diz a seguidora de 27 anos.

“Em um primeiro momento, não tive coragem de participar, mas daí em uma noite veio um sentimento avassalador, de que eu estava com medo do meu próprio rosto.”

“Eu tenho uma filha de 18 meses. Se eu não consigo compartilhar uma foto minha sem filtro ou sem maquiagem, como eu posso esperar que ela vá se amar como ela deveria?”

“Esse pensamento partiu meu coração.”

Pallari espera que sua campanha tenha três resultados: que a autoridade que cuida de publicidade exija que influencers nas mídias sociais deixem claro quando usaram filtros em fotos que promovem cosméticos; retirar filtros que mudam o rosto do Instagram; e “ver mais pele de verdade no Instagram”.

“O uso de filtros costuma não ser declarado, então as pessoas ficam pensando ‘por que eu não me pareço com isso’? E é porque elas não estão olhando para a verdade”, diz Pallari.

Ela não quer o fim dos filtros, mas disse que alguns deles que modificam aspectos do rosto “não deveriam poder existir”.

“Um dos mais recentes que achei diminui o tamanho do nariz, diminui o rosto, e parecia muito real.”

“Eu nunca pensei que meu nariz fosse grande, mas eu vejo isso e penso ‘talvez seja grande’… então o quão arrasador isso pode ser para alguém com menos confiança?”

“Nas mídias sociais nós temos a responsabilidade de promover mudanças, e nós escolhemos o que botamos lá. Se esses filtros precisarem ser declarados, esse ciclo será rompido.”

A associação ASA, que lida com publicidade no Reino Unido, confirmou ter recebido o contato de Pallari e que pretende investigar exageros em anúncios.

“Enquanto é perfeitamente legítimo para influencers usarem métodos de pós-produção para estilizar propagandas, é importante que os filtros não exagerem de forma enganosa o que os produtos conseguem fazer. Nós vamos publicar as descobertas das nossas investigações no devido tempo.”

O Instagram disse que está trabalhando em medidas para reduzir a pressão social, incluindo a retirada dos botões de “curtir”, para evitar comparações.

“Queremos que efeitos de realidade aumentada sejam experiências positivas para nossa comunidade, permitindo que os seus criadores se expressem. É por isso que vamos permitir que se crie efeitos de alteração de rosto no Instagram, mas não os recomendamos em nossa Galeria de Efeitos, que é como as pessoas os descobrem.”

Mas Pallari critica a postura do Instagram, dizendo que ainda é muito achar os efeitos utilizando a busca da plataforma.

Fonte: https://www.uol.com.br/tilt/noticias/bbc/2020/09/13/filtros-no-instagram-a-modelo-por-tras-da-campanha-filterdrop-pela-exibicao-de-peles-reais.htm

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