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Mães comemoram benefícios do esporte paralímpico em Juiz de Fora

maio 13, 2014
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Apoiadoras e ajudantes nas quadras e piscinas, mães relatam ao Globoesporte.com as melhoras, as curiosidades e as corujices de ter os filhos envolvidos com esporte

Leonina, Ângela, Hilda, Elizabeth, Adelina, Sônia, Maria das Dores sorriem ao serem perguntadas pelos filhos. Cada uma sabe o caminho que percorreu até os destinos delas se cruzarem à beira de uma piscina ou dentro da quadra poliesportiva. Todas são mães de adolescentes ou adultos participantes do Programa JF Paralímpico, em Juiz de Fora. Durante uma homenagem às mães, todas orgulhosas e felizes dos filhotes apresentando progressos, elas revelaram as histórias e conquistas de cada um.

MARÉ CHEIA

Uma das modalidades do programa paralímpico local é a natação, na piscina do Sport Club, que cede o espaço. Segundo Adelina Martins Xavier Dionísio, cair na água não era a ideia original do filho Jonatas Luiz, de 16 anos.

– Ele diz que é Corinthians e Botafogo. Quando procurei um esporte para ele, a primeira opção foi o futebol, mas o professor Gerson disse que ele se adaptaria melhor à natação. Fiquei com medo de ele não gostar, mas ele amou – contou a mãe.

Três anos da mudança de planos e os resultados apareceram dentro e fora da piscina.

– Ele tem problemas motores, e a natação ajudou muito. A perna dele está mais esticada e melhorou a autoestima. Agora ele conta para todo mundo que competiu e ganhou três medalhas de ouro. Eu fico feliz. Não entendo de esporte, mas estou lá e incentivo meu filho – afirmou Adelina.

Sônia Maria Dias Teixeira contou que o filho Moisés Dias Teixeira, de 43 anos, começou a nadar há dois meses, graças à parceria entre a Secretaria de Esporte e Lazer e a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae).

– Ele é muito ativo, não gosta de ficar parado. Desde que começou, quer ir sempre, está adorando a natação. Ele ficou mais satisfeito. Vendo ele feliz, fico feliz também – disse.

Se as mães celebram, imagine uma “mãe ao quadrado”. É o sentimento de Maria das Dores Frederico Mendes, que é “mãe-avó” do Jonas, que completa 13 anos no próximo dia 14.

– Eu crio ele desde os 6 meses, ele é hiperativo, tem baixa visão. Faz natação há um ano. Para ele está bom, porque é muito agitado e a natação ajuda a acalmar. Para mim é gratificante, fico feliz em dobro em ver o desenvolvimento dele, que ele está feliz – afirmou.

Jonas, ao lado da mãe-avó Maria das Dores, a sorridente Adelina e Sônia elogiam e recomendam os benefícios da natação
(Foto: Roberta Oliveira)

 

 

TRANSFORMANDO VIDAS

O esporte funciona como um espaço de integração, de realização e de afirmação para os participantes e atletas paralímpicos. Esta é a análise do professor Gerson Moreira de Oliveira, que cuida dos 8 atletas e dos 12 aprendizes, com necessidades específicas, mas conseguindo resultados comuns.

–  No momento em que começam a fazer um esporte que uma pessoa considerada normal faz, eles se sentem bem. Não sentem a diferença. Eles, hoje, podem falar na escola que estão fazendo natação. E no caso das mães, elas veem os filhos mais felizes, inseridos no contexto da escola e da sociedade – disse o professor.

Nesta semana, as mães de integrantes do programa JF Paralímpico foram homenageadas (Foto: Roberta Oliveira)

 

 

AS MÃES CORUJAS DA BOCHA

“É o momento onde ela é independente” diz Leonina sobre a Taiza jogar bocha (Foto: Roberta Oliveira)

Basta ir a um dos treinos da bocha paralímpica que, além dos treinadores e dos atletas, estarão lá os pais e as mães que se tornaram ajudantes, incentivadores e torcedores. Nesta semana, não foi diferente, uma rotina que Leonina Maria Gabriela da Costa, conhece há quatro anos, desde que a filha Taiza, de 22 anos, começou a praticar a modalidade.

–  Ela tem paralisia cerebral. Ajudou bastante, porque é uma coisa que ela não depende dos outros para fazer. Incentivou muito, ajudou na autoestima. É o momento onde ela é independente. Na competição, ninguém pode ajudar, ela decide e joga sozinha –
contou.

Leonina confirma que a felicidade da filha é garantia de felicidade da mãe.

–  Para mim, foi gratificante. A luta que tive para chegar até aqui foi muito grande. Ela sempre teve outras atividades, mas o único esporte que ela participa é a bocha. Foi aqui que ela se identificou –
explicou.

O jogo de estratégia marcou uma virada na vida do Anservis, de 39 anos e, por tabela, na de Ângela Maria das Graças Pereira. Aos 24 anos, após um mergulho no raso, ele quebrou as 5ª e  7ª vértebras.

Ângela (de amarelo) comemora a evolução de Anservis na bocha (Foto: Roberta Oliveira)

– No início sofri muito, convivi com ele andando, ensinei os primeiros passos. Com ajuda dos parentes, amigos e de Deus, a gente tem que acostumar com a nova vida dele – disse a mãe.

A nova vida que, desde dezembro do ano passado, inclui a bocha, após a insistência de um amigo, que praticava a modalidade.

– Antes da bocha, ele era triste, revoltado, reclamando que não tinha serventia para nada. Depois mudou completamente, achou vontade de viver – revelou Ângela Maria.

Neste ano, Anservis estreou como atleta na Regional Leste de Bocha Paralímpica. A mãe foi junto e adorou a experiência da viagem em grupo e de ver o filho competir.

– Amamos a bocha. É vida nova. Espero que quem esteja em situação parecida venha também conhecer, para todo mundo ser feliz – disse.

“Ele não parou de sorrir”, diz Hilda (de azul) sobre o filho Alexandre (Foto: Roberta Oliveira)

Quem também celebra os efeitos positivos da bocha na dinâmica familiar é Hilda Maria dos Reis, mãe do Alexandre, de 25 anos, e da Elenilda, de 37. Os dois têm paralisia cerebral, entraram no esporte neste ano e, cada um a sua maneira, desfrutam.

– Ela gostava de fazer outras coisas, mas ele nunca se interessou por nada. Ela tem mais atenção, mais foco. Ele quer jogar para se divertir. E já está arremessando longe – comentou Hilda.

Satisfeita por ter encontrado algo bom para os dois filhos, ela explicou o que outras pessoas em situação semelhante podem encontrar no esporte.

– Desenvolve a mente deles, o corpo, o físico, e isso ajuda muito. Foi aniversário dele durante a competição em Petrópolis, cantaram parabéns. Ele não parou de sorrir. É o maior sacrifício, mas é muito bom. Vale a pena – afirmou.

Elizabeth Jacinto Campos de Deus é puro sorriso quando analisa o progresso do filho, Cassiano, 19 anos, que tem paralisia cerebral e também começou na bocha neste ano.

– Fez muita diferença, ele está mais ativo, deixou de ficar só no videogame. O fato de gostar de bocha incentivou até ele a conversar mais–  comentou.

Elizabeth (blusa estampada) é a mãe coruja de Cassiano, que treina bocha (Foto: Roberta Oliveira)

A mãe coruja fez as malas e também foi acompanhando o filho na Regional Leste em Petrópolis. Segundo ela, ainda está se adaptando à forma de torcer na modalidade.

– Eu me empolguei e veio um moço avisar que não pode fazer barulho, se não ele é desclassificado. Mas a viagem foi divertida, eu gostei – contou, sorrindo.

Se as mães querem sempre proteger os filhos, mãe de atleta tem sempre uma desconfiança das intenções dos árbitros. Isso rendeu outra situação inusitada às aventuras de Elizabeth na primeira competição de Cassiano.

– Ah, todo mundo viu o que a árbitra fez no jogo dele! Aí depois, a gente estava na fila e justamente ela me pediu para passar na frente. “Nem pensar, ainda mais depois do que você fez com o meu filho”. Ela me falou um “Que isso, mãe!” e eu respondi com um “Que isso, nada!” – contou, rindo.

E os olhos claros de Elizabeth, que Cassiano herdou, brilham ao explicar com simplicidade essas coisas que só uma mãe é capaz de fazer.

– Ele é a minha paixão – resumiu.

“Se ele está feliz, eu também estou” é a tônica das mães que tem filhos praticando esporte paralímpico em Juiz de Fora
(Foto: Roberta Oliveira)

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