Inclusão

Mais que seguidores, netos! Vovós influencers se sentem queridas nas redes

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Ter mil seguidores ou mais de 1 milhão? Para alguns, quanto mais gente seguindo nas redes sociais, melhor. Para as nonagenárias Dinah e Amalia pouco importa serem influenciadoras digitais ou não. Para elas, estar nas redes significa receber o carinho e interagir com seus vários fãs, ou “netinhos”, fazendo o que gostam.

Dinah Cândida Barroso Neves tem 90 anos e começou a ensinar receitas de pratos doces e salgados no Instagram do neto, o analista de planejamento Murilo Neves de Souza, 26, durante a pandemia.

Já Amalia Theresa da Silva tem 91 e mais de 900 mil seguidores só no Facebook, além de outras plataformas —322 mil no YouTube, 413 mil no Instagram. Mas ela não tem muita noção do sucesso como influenciadora digital, porque sofre de Alzheimer. Mas, segundo o neto, isso não a impede de se sentir querida pelos seus milhões de “netinhos”.

Dinah, “chique e famosa” com receitas

Dona Dinah, 90, ensina a fazer doces e salgados no Instagram do neto dela. Imagem: Arquivo pessoal

Dinah começou a ensinar receitas no Instagram durante a pandemia. Ela ia preparar pão de queijo e seu neto, Murilo Neves de Souza, sugeriu de gravar um vídeo com o passo a passo para enviar para as bisnetas dela no grupo da família no WhatsApp.

“Para a minha surpresa, ela sugeriu de colocarmos na internet para todo mundo ver e aí ninguém precisaria sair de casa, na quarentena, para comprar pão de queijo”, contou Souza.

Com a postagem do primeiro vídeo, em julho deste ano, o número de seguidores subiu de 980 para 2.000, e atualmente tem 4.300. Souza diz que esse número é baixo em um universo de influenciadores digitais, mas que para a avó dele, ter pessoas assistindo às receitas é o topo do sucesso.

Dinah recebeu centenas de mensagens de carinho após a primeira publicação. “As pessoas disseram que ela era linda, simpática e que adoraram as receitas. O astral da minha avó mudou. Ela se sentiu viva, importante e valorizada. Ela ficou tão feliz com a repercussão que me pediu para continuar gravando os vídeos”, diz Souza, que lembrou que a avó estava triste e abatida por causa do isolamento social.

Aos 90 anos, Dinah é quem prepara todas as refeições na casa em que mora com o neto e a mãe dele, em Quirinópolis, em Goiás. Quando tinha 20 anos, foi dona de uma padaria com o marido e era a responsável por fazer pães, biscoitos e bolos e outras iguarias. Sem saber ler e escrever, alguém lia a receita, ela a decorava e fazia de cabeça, costume que tem até hoje.

Atualmente, Souza e Dinah produzem de dois a três conteúdos por semana. Nos vídeos, a cozinheira dança, manda beijos e faz corações para os “seguidores-netinhos” durante o preparo das receitas. Ao editar, o neto insere alguns GIFs animados e não tira os erros de gravação para deixar os vídeos mais divertidos.

Instagram como remédio para o isolamento

A pandemia deixou dona Dinah para baixo, com saudade da família, dos amigos. Com seis filhos, 11 netos e quatro bisnetos, a cozinheira parou de receber visitas e não pode mais fazer caminhada com as amigas na rua. Uma vez ela até deu uma “escapadinha”.

Um dia, ela saiu na calçada e foi abordada pela polícia. Ela me contou, apavorada, que os policiais falaram que se ela não colocasse a máscara ou se não voltasse para casa ela ia ser presa. Eu dei risada, acredito que eles falaram isso brincando
Murilo Neves, neto

A interação de Dinah com os internautas tem a ajudado a lidar com a falta que sente dos familiares. “Ela me ajuda a responder as mensagens, grava áudios de agradecimento, pede para as pessoas enviarem as fotos dos pratos que ela ensinou e pergunta quais receitas elas gostariam de aprender”, diz Souza.

Além disso, a senhora ficou mais vaidosa. Veste as melhores roupas para as gravações, passa spray no cabelo e até perfume. “Ela fala que tem que ficar bonita para os netinhos dela e diz que está chique e famosa”, brinca o neto.

Recém curada de um câncer de mama que lutou dos 87 aos 90 anos, a cozinheira espera poder fazer duas coisas quando acabar a pandemia: celebrar a vitória contra a doença com a família e fazer uma campanha, com seus seguidores, para ensinar uma receita no programa de TV “Mais Você”, apresentado por Ana Maria Braga.

Amalia e a espontaneidade

Dona Amalia, 91, esbanja espontaneidade ao ser envolvida nas presepadas do neto. Imagem: Arquivo pessoal

Amalia Theresa da Silva, 91, sofre de Alzheimer. Apesar de não entender que grava para internet e nem saber o que é tecnologia, o neto dela conta que ela adora se sentir querida e fica muito feliz e alegre com o carinho dos seguidores.

Nos vídeos, Amalia brinca, conversa, dança, xinga, dá chinelada, faz dublagens e encenações enquanto é filmada por um dos netos, que pediu a Tilt para não ser identificado. Segundo ele, a ideia das gravações surgiu como uma forma bem-humorada de lidar com o Alzheimer.

“Estava muito difícil, cansativo e estressante lidar com a doença da minha avó. Eu vi que precisava fazer algo para melhorar o ambiente familiar. Como eu sempre brinquei muito com a vozinha, comecei a registrar e compartilhar esses momentos com ela nas redes. Vi que era possível termos uma vida alegre mesmo com uma doença tão triste”, contou.

Amalia recebeu diagnóstico de Alzheimer em 2013 e, desde então, mora em Campinas, no interior de São Paulo, com o neto e os pais dele. Há dois anos, o neto postou o primeiro vídeo no Instagram brincando com a avó. “As pessoas ficaram apaixonadas por ela e pediram para eu criar uma página”, diz.

Após alguns meses, ele criou e passou a administrar as contas dela no Instagram, Facebook, YouTube, e mais recentemente no TikTok. Ela ficou conhecida como Vó da Pomba por causa do personagem do neto, que já tinha esse apelido nas suas redes pessoais.

Nos vídeos da dupla, eles brincam e conversam sobre tudo. Desde um bate-papo sobre o coronavírus até alguma história que o neto inventa para tirar a avó do sério e tomar uma chinelada dela. Quando aparece nas gravações, o neto usa máscara ou interpreta algum personagem, como o Januário, um velho muito apaixonado pela avó.

Como a vozinha tem Alzheimer e esquece as coisas em poucos segundos, não dá para combinar as coisas com ela. Os vídeos são reações espontâneas dela. Com sotaque nordestino, ela tem sempre uma resposta na ponta da língua

O primeiro vídeo que ele postou no Facebook —inventando que a avó estava grávida— bombou e teve 20 milhões de visualizações. Com as postagens, o neto diz que já foi elogiado por médicos e psicólogos, pois as atividades estimulam os vários sentidos de Amalia, que dá risada, interage com os internautas, responde perguntas ao vivo, conhece novas pessoas e ganha presentes.

“Os seguidores a consideram uma avó, tem um carinho enorme. Faz muito bem para ela, a maioria dos idosos não tem isso, geralmente ficam jogados e isolados em casa. Com a pandemia, esse contato virtual com os netinhos se tornou ainda mais importante na vida dela”, diz o neto.

O que dizem os profissionais de saúde

Jairo Bouer, psiquiatra e colunista do VivaBem, diz não ver nenhum problema uma pessoa de 90 anos interagir nas redes sociais, ainda mais com o suporte de algum familiar. Pelo contrário: vê nisso uma chance para os idosos realizarem experiências e oportunidades.

“À medida que vamos envelhecendo, muitas vezes, o funcionamento do sistema nervoso central e o processamento de informações podem ficar mais lentos. Nesse sentido, esse tipo de treino cognitivo é bom. A capacidade de aprender coisas novas, mesmo em idade mais avançada, tem um efeito protetor para o cérebro e para a saúde mental”, explica.

Para Cristiano Nabuco, coordenador do Grupo de Dependência Tecnológica do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) e também colunista do VivaBem, o uso das redes deve ser feito com bom senso e parcimônia.

“Na medida em que o usuário começa a se conectar excessivamente, sente a necessidade de postar todos os dias e de manter o número de seguidores, ele está perdendo um comportamento de equilíbrio”, explica.

Segundo Nabuco, isso acende um farol amarelo e a situação precisa ser melhor analisada para ver se esse idoso não está se tornando um “viciado” em redes sociais. Caso essa pessoa não consiga mais se desconectar, pode-se dizer que o farol vermelho está aceso mesmo na terceira idade.

Bouer faz uma ressalva para casos em que o idoso tem alguma doença neurodegenerativa, como o Mal de Alzheimer. Se ele tiver uma perda cognitiva considerável, lapsos de memória e expor algum tipo de situação na internet que depois pode trazer impactos psíquicos, como uma desmoralização ou um arrependimento, é importante ter um familiar por perto para ajudá-lo.

“Além disso, quem estiver ajudando o idoso a se conectar deve ter um pouco mais de paciência, levando em consideração de que ele tem um tempo diferente dos mais jovens”, adverte.

Fonte: https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2020/09/27/mais-que-seguidores-netos-vovos-influencers-se-sentem-queridas-nas-redes.htm

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