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Muro de universidade serve para fazer negócio e praticar a honestidade

jun 7, 2017
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Vendedor deixa produto e vai embora; comprador escolhe e deixa dinheiro. Local virou o ‘murinho da honestidade’ na UniRio.

Na faculdade de música, Gabriel aprende os concertos para flauta. No intervalo das aulas, ele ouve uma outra doce melodia. Os alunos de uma universidade olharam para um murinho e enxergaram uma oportunidade de fazer negócios, de aumentar a renda. Já seria uma boa ideia, mas os estudantes deram um passo além: decidiram confiar um no outro e transformar o pedacinho do mundo. Nasceu assim o “murinho da honestidade”.

Sem câmeras, sem vigilância. O vendedor deixa o produto e vai embora. O comprador escolhe e deixa o dinheiro. Tão simples e tão seguro que parecia bom demais para ser verdade. “Eu pensei: é furada! Todo mundo deve roubar esse negócio, nunca que isso funcionaria. Aí eu pensei: bom, vou testar. O máximo que vai acontecer é eu perder um brownie ou dois, mas não aconteceu.”, conta Gabriel Ferrante, estudante de Música.

Hoje ele paga o aluguel com o que vende. E se tem tanto movimento é porque, além dos brownies do Gabriel, o murinho da UniRio, a Universidade Federal do Estado do Rio, tem muito mais. Pastéis de queijo, brigadeiro normal e de churros, mousse de maracujá cremoso, só R$ 1, trufa delícia. Um lugar onde é possível comprar beijinho e pagar com declaração de amor.

“Não tinha trocado. Deixei cinco. Amanhã pago R$ 1. Beijos te amo. Ainda botaram assim. Fiquei até curioso para saber quem é”, comenta Max Bruno Abreu, estudante de Museologia. Mais do que o sabor, o que fascina é o ambiente. O consumidor não só paga o que deve. Contribui tampando as caixas, deixando tudo limpo e no lugar. Tudo isso em 2017, no Brasil.

“Parece um país honesto. Parece um lugar honesto”, destaca um estudante. “Eu não sei que atmosfera tem aqui nesse local, alguma coisa mágica, não sei, que faz com que isso aqui aconteça, entendeu?”, comenta o estudante de museologia Max Bruno Abreu. É claro que os vendedores tomam cuidados mínimos de segurança. E de vez em quando até notam alguma diferença no caixa, mas a ideia de instalar um equipamento de vigilância nunca passou.

“Nós mesmos chegamos à conclusão que isso seria matar o espírito do murinho, se é para ter confiança. Que seja realmente na confiança”, destaca Gabriel Ferrante, estudante de Música.

Só que o perigo vem de onde menos se espera. As câmeras do Jornal Nacional flagraram o furto de um produto à luz do dia, na frente de todos. E não é que o larápio tem uma carinha simpática? O miquinho chega de mansinho e ataca.

Enquanto os alunos voltam para aula, o malandro saboreia sem culpa, afinal, faz muito tempo que ele circula entre os humanos e quase nunca ouviu falar dessa tal honestidade.

Fonte: G1

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