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Brasileira ganha prêmio internacional que incentiva mulheres cientistas

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Foi no Ensino Médio do Colégio Técnico da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que Rafaela Salgado Ferreira viu crescer seu interesse por ciência. Durante a adolescência também havia participado do Programa de Vocação Científica da Fiocruz, onde começou a desenvolver seus primeiros projetos de pesquisa em saúde. Na hora de escolher a carreira no vestibular, não lhe restava mais dúvidas. Seguiria nessa área e continuaria estudando novas formas de tratar doenças que afetam principalmente as camadas mais pobres da população brasileira.

Hoje, Rafaela colhe os frutos do seu trabalho. Após formar-se em farmácia pela UFMG e partir direto para o doutorado na Universidade da Califórnia em São Francisco, nos Estados Unidos, Rafaela retornou ao Brasil, fez pós-doutorado na Universidade de São Paulo (USP) e se tornou professora da instituição que lhe acolhera como caloura.

Nesta quarta-feira, 21 de março, Rafaela recebe em Paris o prêmio International Rising Talents, organizado pela L’Oréal, que incentiva a participação de mulheres na ciência. No ano passado, a pesquisadora já havia sido uma das sete mulheres laureadas pelo prêmio nacional Para Mulheres na Ciência, organizado pela mesma empresa. Dessas sete cientistas, Rafaela foi indicada ao International Rising Talents e agora será premiada junto a outras 14 pesquisadoras espalhadas por todo o mundo.

“Esse tipo de incentivo é muito importante para a divulgação não só do meu trabalho, que ganhou mais visibilidade após o prêmio, mas de toda a área da saúde e da relevância de produzir pesquisas como um todo,” afirma Rafaela.

Produzindo conhecimento
Atualmente, Rafaela lidera um grupo de pesquisa sobre planejamento racional de fármacos na UFMG. A equipe de pesquisadores procura propor, principalmente, novos tratamentos para doenças negligenciadas, aquelas que atingem principalmente as camadas pobres da população.

Suas pesquisas focam em tratamentos para a doença de Chagas, a febre por vírus zika e a doença do sono. “Com a ajuda de técnicas computacionais, nós simulamos a interação de milhares de substâncias com as proteínas dos agentes que provocam essas doenças. Após encontrar as mais promissoras, fazemos experimentos para avaliar como elas realmente atuam e se comportam,” explica.

O objetivo das pesquisas é encontrar substâncias que inibem proteínas dos vírus e protozoários que transmitem as doenças. No caso da doença de Chagas, o principal alvo é a cruzaína, proteína responsável por manter funções vitais do protozoário Trypanosoma cruzi. Para isso, o grupo de pesquisa de Rafaela testa as substâncias AMB7 e AMB12, que podem levar a criação de tratamentos mais seguros e eficazes — desde a década de 1970, usa-se o benzonidazol para tratar a doença de Chagas, um medicamento que pode provocar efeitos colaterais graves.

Em relação ao vírus zika, a equipe de cientistas busca inibidores para de uma protease, um tipo de enzima capaz de ativar ou desativar certas funções do vírus. As pesquisas também podem trazer resultados para o tratamento da microcefalia laterais graves.

Ciência não tem gênero
Os prêmios Para Mulheres na Ciência e International Rising Talents fazem parte de um movimento que pretende chamar atenção para a desigualdade de gênero nos meios científicos. “No mundo todo, apenas 30% dos cientistas são mulheres, ou seja, há uma subrepresentação da mulher nessa área,” observa Rafaela.

Pesquisas recentes têm mostrado que, desde pequenas, as mulheres são pouco encorajadas a seguirem profissões relacionadas à ciência e tecnologia, áreas que são assimiladas a características masculinas. “É uma questão que vai além da ciência em si, porque as mulheres têm o direito de seguir qualquer carreira que elas quiserem”, diz Rafaela

“Por isso, é importante que existam iniciativas que recrutem novas cientistas e que também ajudem aquelas que já optaram por essa carreira a permanecerem e progredirem na área, pois há poucas mulheres em cargos de liderança nesse meio,” pontua.

Fonte: Revista Galileu

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