Se observar exoplanetas já não é uma tarefa simples, exigindo que pesquisadores se baseiem na luz dos astros que orbitam para visualizá-los, tudo fica ainda mais complicado neste caso porque não existe um referencial semelhante. Portanto, métodos tradicionais de nada adiantam – a não ser a microlente gravitacional, baseada diretamente na Teoria da Relatividade Geral de Einstein, que prevê que um objeto massivo (lente) pode dobrar a luz de um objeto de fundo brilhante (a fonte).
Neste caso, a gravidade daquilo que é maior atua como uma enorme lente de aumento que dobra e amplia a luz de estrelas distantes. Ou seja, se algo passa entre um observador terrestre e uma estrela, sua gravidade pode desviar e focar a luz da fonte, explica o Dr. Przemek Mroz, do Instituto de Tecnologia da Califórnia e um dos principais autores do estudo. Entretanto, as chances de sucesso são reduzidas, já que os três elementos devem estar perfeitamente alinhados.
De qualquer modo, se há vontade, há chances. Sendo assim, milhões de estrelas estão sendo acompanhadas por especialistas de nosso planetinha – e foi com um dos equipamentos utilizados, o Optical Gravitational Lensing Experiment (OGLE), que os sortudos se depararam com a novidade.
O poder do dispositivo é incrível, mas tem limites. Apesar de não depender do brilho de estrelas e de permitir o estudo de objetos tênues ou escuros, a duração dos eventos, nestes casos, é de apenas algumas horas. Pelo tempo, é possível entender, inclusive, a massa do corpo visualizado, diretamente proporcional.
Considerando todas as informações, é de se surpreender que o viajante encontrado, batizado de OGLE-2016-BLG-1928, tenha permanecido “no palco” por apenas 42 minutos, o menor já visto. Modelos indicam que ele é menos massivo que a Terra – com característica semelhante à de Marte. E mais: considerando que a luz de astro algum interferiu nos resultados, a sugestão é de que ele seja interestelar.
Quanto à sua origem, bem, permanece um mistério. Astrônomos suspeitam que tais elementos tenham sido ejetados de suas vizinhanças após interações gravitacionais. O passado, portanto, deve ter sido turbulento para eles – e Andrzej Udalski, projeto OGLE, comemora o fato de que a tecnologia nos permite ter uma noção de que existe mais entre o céu e a Terra (ou além, muito além dela).
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