O recorde no buraco do ozônio que foi registrado em outubro passado se deveu, pensam agora os cientistas, à erupção do vulcão Calbuco, no sul do Chile
Solomon se mostra exultante. “Agora podemos acreditar que as coisas que estamos fazendo colocaram o planeta no caminho da cura”, diz. “Isso diz bastante sobre nós, não? Não somos assombrosos, os humanos, que criamos uma situação depois de decidirmos coletivamente, como mundo, que iríamos eliminar essas moléculas? Pois as eliminamos, e agora estamos vendo que o planeta responde.”
A perda de ozônio tem efeitos diretos sobre a saúde, porque esse gás é, nas camadas altas da atmosfera, a proteção natural mais importante contra a radiação ultravioleta da luz solar, que causa câncer de pele, catarata e danos ao sistema imunológico. As Nações Unidas estimam que o protocolo de Montreal evitará dois milhões de casos de câncer de pele desde sua entrada em vigor até 2030. A perda do ozônio afeta todas as latitudes, mas é mais grave nos polos, e sobretudo na Antártida, que é onde se mede a magnitude do buraco.
Há indícios de que a recuperação se deve principalmente à proibição dos compostos orgânicos clorados (CFC) que eram usados na limpeza a seco, na refrigeração e em sprays
O buraco da camada de ozônio foi descoberto na década de cinquenta, e sua gravidade foi confirmada nos anos oitenta. As medições são feitas desde então nos meses de outubro, quando a primavera gera condições propícias para a destruição do ozônio nas camadas altas. Solomon e seus colegas mostram agora as vantagens de medi-lo em setembro, pouco depois de a Antártida começar a sair do escuro inverno austral. A luz é necessária para as reações que danificam o ozônio.
Fonte: http://brasil.elpais.com/